terça-feira, 22 de junho de 2010

Branca de Neve e os 6 anões

Depois das rusgas do Dunga com o jornalista Alex Escobar, eu li varios textos mais este foi o que mais gostei, vale a pena.

Veja o video : Clique aqui


Possivel motivo para a briga. : Aqui


Branca de Neve e os 6 anões

Mestre estava preocupado. Pensou em chamar Feliz. Não, não. É um eterno otimista. Marcou, pois, uma reunião com Zangado. Saíram da mina de diamantes e foram tomar um trago na terceira árvore da floresta.

– O que está havendo com o Dunga?

– Vai perguntar para mim? – reclamou Zangado.

– Achei que você fosse o mais indicado.

– Eu já reparei. Tentei falar, mas achei melhor a prudência. Com ele, não quero briga.

Mestre sabia que Dunga era sentimental, que não esquecia desaforos antigos mas, mesmo assim, estava surpreso. Não havia espaço para brincadeiras e canções. Dunga era só retaliação.

Os outros anões, de copo na mão na hora do almoço, viram Mestre e Zangado na tertúlia e resolveram se aproximar. Sabiam o assunto.

– Ele xingou a Branca de Neve – disse Dengoso, chorando.

– Ele reclamou dos meus espirros – contou, magoado, Atchim.

E, para Feliz, Dunga também mandara na lata:

– Está rindo de quê? De mim?

Soneca também estava espantado.

– Dunga falou que meu patrão deveria me demitir porque eu durmo muito.

Mestre sentiu-se acuado.

Patente por patente, era ele quem deveria chamar a atenção de Dunga. Mas achava melhor não. Se houvesse alguma cizânia, diriam que a culpa era dele e de Dunga.

O jeito foi apelar para Branca de Neve.

Doce e meiga, ela tudo percebera e temia levar uma patada. Não deu outra. Aproximou-se, cândida, do seu anão preferido. E perguntou:

– Dunguinha, você está triste?

– Isso é você que está dizendo!

– Posso dar um beijo na sua careca?

– Não! Tenho memória de elefante, quando pedi um beijo na careca numa tarde chuvosa, há 49 dias, precisamente às três e quarenta e sete da tarde, você disse que estava ocupada com a faxina. Agora não quero!

– Mas o que aconteceu para você ter ficado tão bravo?

– O que aconteceu ou o que tem acontecido?

– Não me diga que você ainda está furioso com a brincadeira dos diamantes de três anos atrás.

Silêncio.

Branca continuou.

– Dunguinha, quando vocês passaram um mês sem conseguir extrair diamante algum da mina não foi culpa só sua. Foram dos sete.

– Então por que disseram que foi a Era Dunga da escassez de diamantes?

– Generalizaram. Coisa do Zangado e do Dengoso.

Mas Branca de Neve sentia que não era só isso. Tinha a história da maçã. E Dunga desandou a falar.

– Você é muito oferecida. Aceita tudo. Não devia ter nem olhado para aquela velha. Eu não devia ter permitido você falar com ela.

Também sobrou para o príncipe.

– Você beijou um desconhecido e de olhos fechados.

E para o espelho.

– Esse aí não se enxerga…

De longe, os anões olhavam curiosos, aguardando um desfecho feliz. Mas tomaram um susto ao ouvirem Dunga propor para Branquinha.

– Se você comer esta pêra, talvez eu mude de comportamento…

– Claro, Dunguinha – aceitou a generosa quase princesa.

Fez-se o barulho. Os seis anões, tresloucados, pularam em cima de Dunga, jogando longe a pêra. E começaram a ralhar:

– Está maluco? A Branca só quer o seu e o nosso bem! Às vezes nos puxa a orelha, mas só quer o sucesso do grupo! E não cansou de te elogiar em outras ocasiões!

Eis que Mestre aponta, ao fundo da floresta, a madrasta indo embora desapontada. Era um feitiço.

– Amigos, Dunga não fala!

– Maldição!

E todos perceberam que o querido anão estava tendo dias de Lobo Mau.

Pena que o rancor do episódio jamais foi curado. Não viveram felizes para sempre. E, naquele dia, nenhum esquilo acreditou na canção: “Eu vou, eu vou, para casa agora eu vou…”

Nenhum comentário: