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Possivel motivo para a briga. : Aqui
Branca de Neve e os 6 anões
Mestre estava preocupado. Pensou em chamar Feliz. Não, não. É um eterno otimista. Marcou, pois, uma reunião com Zangado. Saíram da mina de diamantes e foram tomar um trago na terceira árvore da floresta.
– O que está havendo com o Dunga?
– Vai perguntar para mim? – reclamou Zangado.
– Achei que você fosse o mais indicado.
– Eu já reparei. Tentei falar, mas achei melhor a prudência. Com ele, não quero briga.
Mestre sabia que Dunga era sentimental, que não esquecia desaforos antigos mas, mesmo assim, estava surpreso. Não havia espaço para brincadeiras e canções. Dunga era só retaliação.
Os outros anões, de copo na mão na hora do almoço, viram Mestre e Zangado na tertúlia e resolveram se aproximar. Sabiam o assunto.
– Ele xingou a Branca de Neve – disse Dengoso, chorando.
– Ele reclamou dos meus espirros – contou, magoado, Atchim.
E, para Feliz, Dunga também mandara na lata:
– Está rindo de quê? De mim?
Soneca também estava espantado.
– Dunga falou que meu patrão deveria me demitir porque eu durmo muito.
Mestre sentiu-se acuado.
Patente por patente, era ele quem deveria chamar a atenção de Dunga. Mas achava melhor não. Se houvesse alguma cizânia, diriam que a culpa era dele e de Dunga.
O jeito foi apelar para Branca de Neve.
Doce e meiga, ela tudo percebera e temia levar uma patada. Não deu outra. Aproximou-se, cândida, do seu anão preferido. E perguntou:
– Dunguinha, você está triste?
– Isso é você que está dizendo!
– Posso dar um beijo na sua careca?
– Não! Tenho memória de elefante, quando pedi um beijo na careca numa tarde chuvosa, há 49 dias, precisamente às três e quarenta e sete da tarde, você disse que estava ocupada com a faxina. Agora não quero!
– Mas o que aconteceu para você ter ficado tão bravo?
– O que aconteceu ou o que tem acontecido?
– Não me diga que você ainda está furioso com a brincadeira dos diamantes de três anos atrás.
Silêncio.
Branca continuou.
– Dunguinha, quando vocês passaram um mês sem conseguir extrair diamante algum da mina não foi culpa só sua. Foram dos sete.
– Então por que disseram que foi a Era Dunga da escassez de diamantes?
– Generalizaram. Coisa do Zangado e do Dengoso.
Mas Branca de Neve sentia que não era só isso. Tinha a história da maçã. E Dunga desandou a falar.
– Você é muito oferecida. Aceita tudo. Não devia ter nem olhado para aquela velha. Eu não devia ter permitido você falar com ela.
Também sobrou para o príncipe.
– Você beijou um desconhecido e de olhos fechados.
E para o espelho.
– Esse aí não se enxerga…
De longe, os anões olhavam curiosos, aguardando um desfecho feliz. Mas tomaram um susto ao ouvirem Dunga propor para Branquinha.
– Se você comer esta pêra, talvez eu mude de comportamento…
– Claro, Dunguinha – aceitou a generosa quase princesa.
Fez-se o barulho. Os seis anões, tresloucados, pularam em cima de Dunga, jogando longe a pêra. E começaram a ralhar:
– Está maluco? A Branca só quer o seu e o nosso bem! Às vezes nos puxa a orelha, mas só quer o sucesso do grupo! E não cansou de te elogiar em outras ocasiões!
Eis que Mestre aponta, ao fundo da floresta, a madrasta indo embora desapontada. Era um feitiço.
– Amigos, Dunga não fala!
– Maldição!
E todos perceberam que o querido anão estava tendo dias de Lobo Mau.
Pena que o rancor do episódio jamais foi curado. Não viveram felizes para sempre. E, naquele dia, nenhum esquilo acreditou na canção: “Eu vou, eu vou, para casa agora eu vou…”
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